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Site oficial do Miss Brasil Mundo e Mister Brasil CNB. O Concurso Nacional de Beleza é o evento responsável pela eleição da Miss Brasil Mundo e do Mister Brasil CNB. A vencedora representa o país no Miss World, um dos dois principais concursos de beleza do planeta. O Mister Brasil CNB participa em um dos cinco concursos que fazem parte do Grand Slam (Mr World, Mister Supranational, Mister International Mister Global ou Manhunt International) - todos licenciados do CNB no Brasil. 

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Miss Mundo, Miss Brasil Mundo e misses paraense na luta contra a hanseníase em Belém

Henrique Fontes

A sexta-feira (20/4) foi um dia marcante para a luta contra a hanseníase, para o Pará e para a história do nosso concurso. Cedinho a comitiva do concurso partiu para Tapanã, uma região de Belém (PA) onde a incidência da doença ainda é bastante alta. Manushi Chhillar (Miss Mundo), Gabrielle Vilela (Miss Brasil Mundo), Isabella Garcia (Miss Pará CNB) e Thays Sintra (Miss Marajó CNB), se reuniram com os voluntários do Morhan para orientações, um bate-papo inicial e logo em seguida para ir para as ruas conscientizar a população local.

A panfletagem é uma atividade muito importante nesta luta. Ao entregar o panfleto, a primeira pergunta que se faz é: "Você sabe o que é hanseníase?". Em torno de 80% das pessoas não sabem. E é aí que mora o perigo. Então se explica detalhadamente, em especial a atenção que as pessoas devem ter com manchas na pele, e caso sejam encontradas, a importância de se procurar um posto médico imediatamente. O tratamento pode durar apenas 6 meses, evitando a propagação da doença e suas sequelas. O trabalho de informar as pessoas sobre a hanseníase é fundamental.

E foi isso o que as nossas misses fizeram, a Miss Mundo com a ajuda de um intérprete. Entre as pessoas com quem Manushi conversou, havia uma senhora que teve a doença, se tratou a tempo, e chegou a cura sem nenhum tipo de sequela. Um exemplo a ser seguido!

Logo em seguida chegou o momento de conhecer o Governador do Estado do Pará, o senhor Simão Robison Oliveira Jatene. A Miss Mundo levou ao governador uma série de reivindicações do Morhan, em especial apoio do estado para ter maior acesso a municípios localizados em áreas mais remotas, onde os agentes da ONG poderiam visitar escolas, postos de atendimento médico e fazer visitações domiciliares, levando informações sobre a doença para essas pessoas.

A conversa sobre projetos sociais e a importância de se combater a hanseníase no país foi muito rica e produtiva. Em dado momento, o governador filosofou: "O homem é um projeto de Deus. Mas um projeto que ainda não deu certo". Espirituosa como sempre, a Miss Mundo foi rápida na resposta: "O homem. Certo?". Arrancou aplausos de todos, inclusive do próprio governador.

A Miss Brasil Gabrielle Vilela também impressionou o governador ao relatar o seu projeto e suas ações no combate à hanseníase.

O governador garantiu que irá se empenhar e fazer tudo o que for possível para que a luta contra a doença se intensifique no estado do Pará.

Do Palácio, para o Hotel Gold Mar, de onde saíram de barco para conhecer algumas ilhas e paisagens amazônicas enquanto almoçavam e respondiam perguntas dos jornalistas locais.

A seguir, a equipe viajou para a cidade de Marituba, município de 130 mil habitantes localizado na  Região Metropolitana de Belém. Ao chegar ao município, a comitiva da Miss Mundo e da Miss Brasil Mundo foi escoltada por carros e motos da polícia local. 

Ao chegar, a comitiva foi recebida com festa pelos pacientes e funcionários da unidade de saúde. Representantes da beleza, chegaram com faixas e coroas, distribuindo acenos, abraços e carinho aos pacientes que exibiam as marcas da doença no corpo e nas expressões de quem se acostumou a sofrer preconceito pela aparência.

“Vocês representam um ideal de beleza e perfeição, enquanto nós – pacientes com hanseníase – sempre estivemos no imaginário social como os feios, mutilados e incapazes”, resumiu o paciente Anildo Carlos Assunção, ao ler a carta manifesto preparada para entregar à Miss Mundo e demais rainhas da beleza.  No documento, ele relatou as dificuldades enfrentadas para conseguir assistência, pediu apoio para melhorar as políticas públicas de prevenção e tratamento da hanseníase e, principalmente, apoio no combate ao preconceito. “Antes, éramos apedrejados. Hoje, o apedrejamento acontece nas redes sociais, em falas que nos depreciam e nos minimizam como seres humanos, e isso nos dói muito”, conclui Anildo.

A curiosidade de ver uma miss de perto levou Francisca de Nazaré Mendonça, moradora da antiga colônia de hansenianos, a esperar pela chegada das Misses. “Elas são tão bonitas e com o poder que elas têm por serem misses podem chamar a atenção e ajudar a melhorar as condições para nós, principalmente na saúde, que a gente precisa mais”, avalia d. Francisca para, em seguida, conseguir abraçar Manushi e registrar o momento em selfies.

“Quando não existe conhecimento, existe medo. Estamos lutando contra isso, a informação é importante e estamos pedindo mais investimentos em educação para prevenir a hanseníase e evitar o preconceito”, respondeu Manushi. Para isso, a Miss Mundo conversou com os principais gestores públicos de Belém e do Pará, cobrando ações mais eficazes, principalmente no interior do Estado, onde a doença está com mais incidência.

Artur Custódio, coordenador nacional do MORHAN, lembrou que o Pará tem conseguido reduzir o número de casos novos, mas destacou que o estado falha ao fazer o diagnóstico tardio, “e isso agrava a situação dos pacientes porque ficam com sequelas, e o Estado não possui um atendimento eficiente para esses casos”, lamenta. “Temos encontrado crianças com hanseníase já com sequelas. Onde há crianças doentes, significa que há famílias doentes precisando de assistência”, lembrou Artur Custódio.

Depois de conhecer o centro de referência Marcello Cândia, Manushi Chhillar e Gabrielle pediram para visitar o abrigo João Paulo II, onde vivem os pacientes idosos. Eles são os antigos moradores da colônia de Marituba, para onde foram levados durante o período em que o isolamento compulsório era a política de saúde adotada pelo Brasil - triste capítulo da históra do nosso país. Na época, a doença não era tratada e os doentes ficavam esquecidos, longe da sociedade. Muitos permanecem no abrigo porque não tinham para onde ir quando a colônia foi desativada e convivem com sequelas graves.

Longe das câmeras e dos holofotes, as quatro Misses se emocionaram ao conhecer os ex-hansenianos idosos, mutilados pela doença a ponto de não saírem mais da cama e precisarem que outras pessoas cuidem deles. Elas conversaram  com os idosos, deram carinho e atenção e depois choraram. “É muito triste ver essas coisas, mexe muito comigo porque lembro do meu bisavô, que faleceu com 90 anos e precisava de todos os cuidados. Fico muito triste ao ver que essas pessoas não tem famílias, que dependem dos outros e ainda assim conseguem ser felizes mesmo com tantos problemas”, avalia a Miss Pará Isabela Garcia, que também é estudante de medicina.

Morador do abrigo há cinco anos e portador de hanseníase há 30 anos, Missondas Araújo resumiu qual a expectativa de todos os pacientes. “Estamos encantados pela sua beleza e atitude de abraçar essa causa que é muito importante para nós. Levem isso para a Organização Mundial da Saúde. Já é tempo de investir mais para erradicar essa doença”, disse ele.

“Há muitas pessoas que podem ajudar, e muitas pessoas que precisam de ajuda. Espero ser uma ponte entre elas”, concluiu Manushi Chhillar.

Na madrugada seguinte, a comitiva do Miss Mundo retornou a Londres, deixando no Brasil sementes e resultados de um trabalho feito com muito amor e dedicação. E a luta continua!

Agradecemos a todos que fizeram parte dessa jornada, que contribuíram, que se uniram a nós. Agradecemos a Miss World Organization