Mesmo quando em décadas passadas a imprensa e o público estavam mais preocupados com as medidas de busto, cintura e quadril das misses, por trás de penteados armados e sorrisos de longa duração, havia histórias de vida com elementos que podiam inspirar roteiros de cinema. Com o passar do tempo, os concursos passaram a entender a importância de dar voz à essas histórias, afinal, do que servem medidas perfeitas (há muito tempo irrelevantes na vasta maioria destes eventos), se uma miss não pode inspirar outras pessoas com o que carrega dentro de si?
No dia 13 de dezembro, no Machadinho Thermas Resort, em Machadinho, Rio Grande do Sul, 27 mulheres de todo o país concorrem a um dos mais importantes títulos de beleza na atualidade: o de Miss Supranational Brasil. A noite que culminará com a coroação de uma delas, será para essas 27 jovens o ápice de uma jornada que, para muitas, teve início há diversos meses. Inspirar, aspirar, é o lema do concurso internacional. Durante o mês de novembro, através das redes sociais do CNB e das próprias misses, e na TV CNB (YouTube), os fãs de concursos e pessoas em geral puderam conhecer muito sobre aquelas que buscam representar o país na Polônia, no próximo mês de julho, na décima-quinta edição do Miss Supranational.
Foram vídeos e entrevistas ao vivo que nos possibilitaram conhecer muito de quem está por trás das faixas que trazem os nomes das unidades da federação e regiões que representam. Além de suas histórias de vida, currículos profissionais, curiosidades e aspirações, elas também mostraram suas ações ou projetos sociais.
Assista aos vídeos de apresentação das candidatas
A “classe de 2024” tem como uma de suas características a diversidade. Por exemplo, pela primeira vez na história de um concurso nacional do Grand Slam, duas mulheres transgênero disputam a coroa: Angel Gadelha (Ceará). 27 anos, quem é formada em curso técnico em mecãnica e trabalha como designer de sobrancelhas, e Isabella Lima (Sergipe), formada em história e proprietária de uma loja de roupas.
Das 27 candidatas, 17 tem algum tipo de formação acadêmica, como por exemplo Georgia Camargo, de Goiás, graduada em agronomia e Susana Andrade, do Grande Recife, a médica que realizou o sonho de ser miss. Oito ainda são estudantes universitárias, algumas prestes a concluir seus cursos, como é o caso da representante do Paraná, Thaiz Jagelski, quem concilia o último semestre na faculdade de administração com a preparação para o Miss Supranational Brasil e a sociedade em uma pousada em Campos do Jordão (SP).
Descubra curiosidades sobre as candidatas nos vídeos dos “5 Fatos”
Apesar de jovens, muitas são donas dos seus próprios negócios e financeiramente independentes. A candidata que representa Tocantins, Isa Murta, é proprietária de uma concessionária de automóveis, tendo seu pai como sócio. Kelly Lemos, da Paraíba, após viajar o mundo como modelo internacional, estudou e hoje é designer de joias. Julia Santos, a candidata de Minas Gerais, é artesã e há três anos vende suas peças. Por dificuldades financeiras, Carol Sanches de São Paulo trancou a faculdade de medicina e empreende no ramo digital. E estes são apenas alguns exemplos.
Há duas atrizes no grupo: Cindy Andrade, do Ipiranga, e Juliana Liscoski, representante do Mato Grosso do Sul. E muitas delas se destacam na “profissão do momento”: são influenciadoras digitais.
O recente aumento do limite de idade de 29 para 32 anos no Miss Supranational, já surtiu efeito: a média de idade do grupo é 26 anos, a mais alta em qualquer concurso realizado pelo CNB. Este é outro sinal de que os tempos mudaram. Duas candidatas têm 30 anos: Grande Recife, Susana Andrade, e Cataratas do Iguaçu, Paula Assunção. A mais nova, a catarinense Sanny Petris, tem 20 anos. Em contraste, nos anos 1980, por exemplo, a maioria das candidatas tinha 18 ou 19 anos. Há relatos de menores de idade que tinham seus documentos alterados para que pudessem participar do Miss Brasil.
Conheça os projetos sociais das candidatas (From the Ground Up)
As histórias de superação também são muitas, como a de Cristielli Camargo, do Vale do Rio Grande, quem esteve à beira da morte três vezes, por decorrência da Doença de Crohn. Com fé e determinação, Camargo sobreviveu e hoje convive bem com a doença que não tem cura.
Aylla Barros, do Maranhão, e Anna Flávia Macedo, da Grande São Paulo, usam a visibilidade que ganharam como misses, para em seus projetos sociais falarem sobre a importância da representatividade de mulheres pretas em todas as áreas, em um país onde a discriminação racial sistemática é presente nas estruturais sociais.
“É muito importante que as pessoas entendam que a miss é uma mulher como tantas outras. A beleza física, ponto comum entre todas, é apenas um aspectos de mulheres que lutam, sonham, conquistam, caem e se levantam centenas de vezes, assim como você e eu”, pondera Marina Fontes, co-diretora do CNB. “Para nós é de suma importância que as pessoas conheçam as histórias por trás do glamour. Uma delas leva a coroa, mas todas são vitoriosas pelo desenvolvimento pessoal que toda esta experiências lhes proporciona e por servirem como bons exemplos para mulheres e pessoas em geral”, conclui.
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